Por Augustus Nicodemus Lopes
O Solano Portela já escreveu aqui ( ttp://tempora-mores.blogspot.com.br/2010/03/palavrao-so-pra-garantir-esse-refrao.html )sobre palavrão.
Acredito que ele já mostrou com clareza os argumentos bíblicos para que os
seguidores de Jesus não fiquem usando palavrões em suas comunicações, faladas
ou escritas. Há outros argumentos baseados no bom senso, educação e etc.
É que de vez em quando leio os murais
e comentários de alguns dos mais de 3 mil "amigos" que tenho no
Facebook e não poucas vezes me deparo com murais compartilhando fotos
meio-eróticas, palavrões, para não falar de comentários cheios de palavras
chulas e palavrões do pior tipo. Sei que boa parte destes amigos não são
crentes em Jesus Cristo. Mas estou me referindo aos que se identificam como
crentes, que postam tanto declarações de fé e amor a Jesus quanto material
chulo.
Os
argumentos a favor do uso de palavrões pelos crentes podem parecer bons: todo
mundo usa, trabalho ou estudo num ambiente de descrentes e não quero parecer um
ET, não tenho nenhuma intenção maligna ou pornográfica, etc.
O problema -
para os crentes que tomam a Bíblia como regra de fé e prática e como o
referencial de Deus para suas vidas - é o que fazer com estas passagens:
"Não saia da vossa boca nenhuma palavra
torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade,
e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Ef 4:29).
"3 Mas a impudicícia e toda sorte de
impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; 4
nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas
inconvenientes; antes, pelo contrário, ações de graças. 5 Sabei, pois, isto:
nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no
reino de Cristo e de Deus. 6 Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por
essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. 7 Portanto,
não sejais participantes com eles" (Ef 5:3-7).
"34 Raça de víboras, como podeis falar
coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração. 35 O
homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira
coisas más. 36 Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens,
dela darão conta no Dia do Juízo; 37 porque, pelas tuas palavras, serás
justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado" (Mat 12:34-37).
"Não vos enganeis: as más conversações
corrompem os bons costumes" (1Cor 15:33)".
"Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de
tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso
falar" (Col 3:8).
"A vossa palavra seja sempre agradável,
temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um" (Col
4:6).
"Finalmente, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro,
tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum
louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento". (Filip 4:8).
As
interpretações destes versículos podem variar entre si, mas resta pouca dúvida
de que o conjunto deles traz uma mensagem uniforme: o filho de Deus é diferente
do mundo, no que pensa e no que fala. A pureza e a santidade requeridas na
Bíblia para os cristãos abrange não somente seus atos como também seus
pensamentos e suas palavras.
Eu sei que
muitos vão dizer que o problema é a definição de palavrão. Entendo. Sei que
palavras que ontem arrepiavam os cabelos de quem as ouviam, hoje viraram parte
do vocabulário normal. Sei também que palavras que são palavrão numa região do
Brasil não são em outra. Mesmo considerando tudo isto, ainda há muitos cristãos
que usam palavrões no sentido geral e normal. É só ler blogs, comentários em
blogs, murais e comentários no Facebook, tuítes da parte de gente que se diz
crente.
Acho que a
vulgarização do vocabulário dos evangélicos é simplesmente o reflexo do que já
temos dito aqui muitas outras vezes: o cristianismo brasileiro é superficial,
tem muita gente que se diz evangélica mas que nunca realmente experimentou o
novo nascimento, as igrejas evangélicas estão cedendo ao mundanismo e ao
relativismo da nossa sociedade. em vez de sermos sal e luz estamos nos tornando
iguais ao mundo no viver, agir, pensar e falar.
Proponho o
retorno daquele corinho que aprendíamos quando éramos crianças nos
departamentos infantis das igrejas históricas:
"O
sabão, lava meu rostinho
Lava meu
pezinho, lava minha mão.
Mas, Jesus,
prá me deixar limpinho,
Quer lavar
meu coração
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